segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Testemunho marcante de Adventista Policial Militar do Distrito Federal


Meu nome e Luís, criado na Igreja Adventista do Sétimo Dia desde a infância e sempre tive o sonho de ser policial. Bom leitor desde cedo, estudava a lição da escola sabatina, fazia ano bíblico e lia os livros do Espírito de Profecia por mim mesmo e me encantava com o amor de Deus. O problema era quando olhava para a realidade do mundo que eu vivia. Fui criado em uma das cidades satélites mais perigosa de Brasília, Ceilândia, e vi muitos dos meus amigos de infância se perderem na criminalidade. Era comum vê-los escolher por vontade própria seguir o caminho do crime ao invés de estudos. Nesse contexto, como um filho de Deus acreditava que a melhor escolha que eu poderia fazer para minha vida seria seguir o caminho do bem sendo um militar. O problema com o meu sonho era que todos irmãos da igreja me diziam que para ser militar eu teria que transgredir o sábado e, consequentemente abandonar a igreja. Me doía muito pensar nisso pois era como se Deus não estivesse nenhum pouco interessado em me ajudar nesse sonho.

Foi nesse contexto que decidi seguir minha vocação independente das consequências. Se de fato eu ia acabar saindo da igreja um dia por causa do meu sonho, então resolvi assumir as consequências disso. Perto da data do alistamento militar abriu um concurso para soldado da aeronáutica e a prova seria no sábado. Eu sabia que fazer aquela prova no dia do Senhor era errado mas fiz a inscrição assim mesmo e comecei a estudar com afinco pedindo a Deus que mudasse a data para que eu não viesse a transgredir o sábado. O problema e que Deus não respondeu minha oração da forma como eu queria e acabei indo fazer a prova no dia de sábado sabendo estava cometendo um pecado deliberado diante dos mandamentos divinos. O resultado foi um desastre. Errei todas as questões fáceis e acertei apenas as difíceis e fui eliminado do concurso.

Tentei seguir outras carreiras, outros concursos mas fracassava em tudo, não importava o quanto eu me esforçasse. Foi nesse contexto que me senti totalmente frustrado na vida, totalmente fracassado aos dezenove anos de idade. Nessa época recebi um convite para participar de um projeto na igreja para jovens que queriam estudar em nossas universidades adventistas através da colportagem. Confesso que assisti a palestra sem empolgação nenhuma e tentei ser o mais indiferente possível as palavras do pastor, mas no final ouvi uma voz que me disse claramente para seguir aquele caminho. Levei um susto no banco da igreja e me levantei, aceitei o apelo e parti para a colportagem. Nesse trabalho maravilhoso aprendi andar com Deus todos os momentos e entregar cada dia nas mãos Dele. Tive experiências maravilhosas com Deus e recebi Dele trabalho, estudo e muito discernimento espiritual para seguir na minha vida profissional. E assim fiz minha graduação Letras no Universidade Adventista de São Paulo.

Estava formado, de bem com Deus mas confesso que não estava muito feliz com minha profissão. Gostava muito de ensinar, mas a juventude parecia não querer aprender e isso foi me desanimando e então retornei para Brasília. De volta a minha terra natal, voltaram também os antigos sonhos de vida nunca realizados: queria ser policial. Perguntava para Deus se era isso que Ele queria de mim e Ele parecia aceitar o meu sonho. Parti então atrás do meu objetivo de vida só que dessa vez colocava Deus em primeiro lugar, acontecesse o que acontecesse.  Nesse período abriu o concurso para Policia Militar do Distrito Federal e decidi mais uma vez dedicar minhas forcas para passar. Vez ou outra vinha em minha mente a questão do sábado, mas me apegava com Deus e pedia apenas forças para ser fiel independente das dificuldades que viesse.

A primeira das dificuldades veio exatamente no dia da prova escrita. Marcada para um sábado a tarde, entrei com o recurso juntamente com outros adventistas e fizemos a prova após as dezoito horas até próximo da meia noite. Para honra e glória do nome de Deus fui aprovado.  A segunda dificuldade foi que o teste físico foi marcado para o sábado quatro horas da tarde e, depois do recurso, foi adiado para segunda-feira as seis da manha. Estava tudo correndo bem, Deus estava providenciando tudo. Estava confiante, e vez ou outra surgia em minha mente a questão do sábado e me perguntava se estaria pronto para ser fiel em todas as circunstâncias e eu temia. Por isso sempre orava pedindo que se fosse para eu não ser fiel em todas as provas que ele me tirasse do concurso por que eu preferia ser fiel a abandoná-lo. Mas na terceira etapa, o exame psicotécnico, o improvável aconteceu. Reprovei no teste e tive que entrar com uma liminar para continuar no concurso. Essa liminar me permitiu continuar no certame, mas me impediu de matricular no curso de formação naquele ano. Deus havia me conduzido até ali, não tinha como duvidar disso, mas no momento que vacilei nos meus propósitos de ser fiel algo deu errado.

Aprendi a lição com Deus, aceitei o resultado e parti para outros concursos crendo que Deus sabia de todas as coisas. Na época fui aprovado para o cargo de escrivão de policia civil de Minas Gerais e no de Técnico Bancário Novo na Caixa Econômica Federal em Brasília. Optei por ficar em Brasília e seguir a carreira de bancário. Não era bem o meu sonho, mas talvez Deus estivesse tentando me ensinar algo novo e eu aceitava a Sua vontade. Depois de um ano no banco, em razão da liminar que eu tinha entrado na justiça, outra vez fui convocado para o curso de formação da Policia Militar. Embora estivesse com um futuro garantido no banco, minha vocação mais uma vez estava me chamando. Orei muito e Deus para ser fiel, e pedi contas no banco para assumir na policia.

Já no primeiro dia do curso a minha preocupação era exatamente o que eu faria quando chegasse a sexta-feira pois o treinamento começava as seis da manhã e terminava próximo das nove da noite, ou seja, bem depois do por do sol. Para piorar, teriam aulas todos os dias da semana, incluindo sábado e domingo e não era admitido faltas que não fossem justificadas. Sendo assim, minha primeira atitude foi procurar os comandantes da sala e esclarecer sobre minha fé. Um deles era mais maleável e me pediu para fazer um documento destinado ao comandante da escola com a minha solicitação. Fiz exatamente como disse e já no dia seguinte providenciei toda a documentação. O problema foi que chegou a sexta-feira e não obtive nenhuma resposta. Próximo a hora do por do sol eu estava em forma no pátio da escola juntamente com um grupo de mil alunos sem poder dizer uma palavra nem me mover sem autorização. Minha aflição naquele momento era intensa pois era acostumado a passar o por do sol de sexta-feira fazendo o culto com a família em casa e naquele momento não tinha outra opção a não ser permanecer estático enquanto ouvia as instruções. Discretamente acenei ao comandante da sala e consegui explicar a minha situação o qual levou minha solicitação ao capitão imediato que me autorizou sair de forma para conversar pessoalmente com o comandante da escola. Depois de explicar minha posição, o comandante me falou que não havia possibilidade alguma de me dar tratamento diferenciado dos demais me liberando antes do por do sol, mas me autorizou a ficar em sala de aula até a liberação dos demais. Naquela noite tive a oportunidade de refletir sozinho na sala de aula sobre as consequências da minha escolha. Decidi então que faltaria o sábado e na segunda-feira pediria baixa e retornaria ao emprego anterior na Caixa. Faltei o sábado e compareci no domingo apenas com o objetivo de informar que na segunda pediria baixa do curso.

Na semana seguinte já tinha entrado em contato com meu ex-emprego e explicado o que eu estava passando na policia e me deram um prazo naquela para retornar ao banco até a quarta-feira e por essa razão eu precisava pedir baixa da polícia já na segunda-feira. Assim ao comparecer a escola de formação fui direto resolver meu problema na secretaria do curso. Lá chegando expliquei o motivo da minha desistência, mas alguns policiais achavam que antes de eu sair deveria refletir melhor pois situações como essas poderiam ser ajustadas ao longo da carreira. Diante o incentivo de pessoas que eu nem conhecia, decidi tentar mais uma vez algum tipo de liberação para poder prosseguir no curso pois essa era tão sonhada carreira que eu desejava. Retornei a sala de aula surpreendendo os colegas que a essa altura já havia sido avisados da minha desistência por causa do sábado. Procurei mais uma vez meus comandantes imediatos da turma e descobri que agora permanecera apenas um e era exatamente o que não aceitava minhas justificativas. Para ele eu estava apenas procurando desculpas para não participar de todas as atividades como os outros alunos. Por isso, alem de não dar atenção a minhas solicitações ainda procurou dificultar o máximo as coisas. Foi por essa razão que na sexta seguinte, enquanto estava na aula de educação física, próximo a hora do por do sol, me retirei sem autorização ao vestiário para ir embora da escola sem autorização, o que me renderia uma cadeia. Após sair do vestiário fui até a portão onde um sargento da guarda me solicitou a autorização escrita para ser liberado antes dos demais e eu disse que não tinha. Ele então levou um susto e disse que eu era louco de tentar ir embora sem um documento formal assinado pelo comando pois se eu tivesse saído até ele seria punido pelo meu ato. Expliquei a minha situação e então tive dele mesmo uma liberação para sair naquele dia antes do horário do por do sol. Tudo que me disse foi que eu tentasse resolver essa situação o quanto antes para que ninguém fosse prejudicado. Naquela sexta-feira quando cheguei em casa recebi uma ligação do comandante da turma me chamando atenção pelo que eu tinha feito e me informando sobre uma determinação para estar La no sábado pela manha sem falta. Fiquei muito preocupado, mas decidi que no sábado iria a igreja adorar o Criador e que só pisaria na escola no dia seguinte ao repouso.

No domingo já compareci a escola com todos os pertences acreditando que ficaria preso por ter desobedecido a uma determinação, mas isso não aconteceu. De qualquer forma essa terceira semana foi bem difícil pois a essa altura, muita gente já sabia da minha situação e eu tinha que estar constantemente explicando a minha posição com relação ao sábado e assim testemunhar para muitos. Procurei o comandante da turma para saber sobre a minha punição ele se recusava falar comigo e se limitou a dizer que minha punição não seria apenas na escola mas direto na minha carreira respondendo um inquérito militar que entraria em minha ficha profissional e mancharia minha carreira para sempre. Dessa forma continuei sendo liberado das atividades do curso na sexta ao por do sol para ficar em sala de aula estudando a Bíblia enquanto os demais ficavam no pátio. Ainda faltei quase todos os sábados do curso por conta própria para não transgredir o mandamento divino. Compareci apenas um sábado para uma doação de sangue espontânea pois sempre que argumentava sobre a minha posição eu dizia que era licito fazer o bem nesse dia.

Durante o curso Deus me honrou de muitas formas. Lembro uma vez que foram marcadas provas para uma sexta-feira a noite e de antemão fui atrás de uma liberação para fazer na semana seguinte. Enquanto toda escola estava pronta na sala para fazer as provas, eu fiquei preso na capela da escola sozinho esperando para ser liberado com todos ao termino. Enquanto esperava notei uma demora, e em seguida todos começaram a ir embora sem me dizer nada. Foi então que sai e perguntei o que havia acontecido e que disseram que deu problema na impressão das provas e que todos fariam só na semana seguinte. Assim pude fazer a prova com todos os alunos sem ter minha nota prejudicada.

Cinco meses se passaram nessa aflição e eu aguardava qual seria minha punição ao final do curso pelo meu ato e por minhas faltas aos sábados. Ao fim do curso fui chamado a sala de um dos capitães para apresentar a minha razão de defesa. Expliquei que era Adventista do Sétimo Dia e por isso havia agido daquela forma. Para minha surpresa ele já conhecia os adventistas simpatizava com a nossa fé e por isso me explicou que, como tinha que me dar uma punição, daria apenas uma repreensão verbal pois essa era uma das mais leves. Sai da sala dele muito feliz e agradecido a Deus por tudo que Ele havia feito por mim naquele curso e me conduzido para testemunhar sobre o santo sábado. Foi assim que no em setembro de 2014 pude me formar no Curso de Formação de Praças no Estádio Nacional de Brasília em uma turma de mil policiais para honra e gloria do nome de Deus. Após a formatura fui deslocado a um batalhão onde consegui uma autorização do sub-comandante da unidade para não ser escalado das 18 horas de sexta às 18 horas de sábado em razão da minha fé. Constantemente são feitas adaptações na minha escala para que eu não trabalhe aos sábados.

Louvo a Deus por tudo que tem feito em minha vida. Hoje vejo que Ele tem colocado sonhos em meu coração para que onde eu for testemunhe do Seu amor por mim. Tudo que Ele me pede e que eu seja fiel ate a morte. Embora trabalhe hoje na profissão que sempre sonhei, posso dizer que o dia que Ele achar que é hora de sair peço a Ele que me de forças para fazer o que deseja, pois os sonhos de Deus são sempre melhores que os meus. Quando escolhemos ser fiel a Deus em todas as circunstâncias, Ele providencia meios para nos libertar na hora da prova. Amigo, escolha ser fiel a toda prova, sem abrir exceções, e Deus também te honrará.  

Sd. Luís Guedes Jr.




“A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que  permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White. Educação, pág. 57
 


24 comentários:

  1. Lindo testemunho. A fé é uma obra divina. Seguir o caminho do Senhor nem sempre é saudável. Há pedras no caminho que servem para nos distanciar do criador. Jesus está sempre perto nos protegendo. Ele te abençoou pela sua fé, perseverança e obediência. Parabéns.

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    1. Agradeco a Deus por nos alcancar, pois mesmo que merecer Ele trava as nossas lutas por nos. Louvado seja!

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  2. Isso aí meu brother. Parabéns pelo testemunho. Sejamos sempre fiéis ao nosso Deus que Ele sempre estenderá suas mãos para nos guiar. Abraços

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    1. Essa batalha nao e nossa e de Deus, nossa luta e para confiar Nele.

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  3. Parabéns meu camarada pois princípios não se negocia...

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  4. Amém por seu testemunho que Deus te abençõe imensamente

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  5. Parabéns pelo testemunho! Devemos permanecer na fé e tendo certeza de que Deus é fiel e justo sempre. Espero que os jovens leiam esse testemunho e tomem como exemplo. Deus te abençoe.

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  6. Deus é bom todo tempo!
    Todo tempo Deus é bom!

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  7. tbm sou adventista Luis e tbm tenho esse sonho perdi ja dois concursos pela razão do sábado e me identifiquei muito que t bm tenho esse msm sonho que teve e conseguiu parabéns...

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    1. Deixe Deus te guiar, Ele sabe o momento certo...esteja sempre pronto para ser fiel até o fim. O céu é nosso alvo. Deus abençoe.

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  8. Maravilhoso testemunho de fé , esperança . Uma verdadeira lição de lealdade ao nosso Deus!
    Parabéns !!

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  9. Wau gostei muito dessa história que o Senhor te ajude sempre

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    1. Amém! Que Deus tenha sempre o mérito das nossas vitórias. Deus abençoe irmão.

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  10. Grande testemunho meu irmão! Tenho sonho de ser Policial Federal, mas vi que o curso na ANP vai até as 12 horas do sábado. Tô estudando e orando a Deus para que possa dá tudo certo.

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    1. Jose, somos dois. Se for da vontade de Deus, estaremos juntos a testemunhar da nossa fé na próxima turma da PF.

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  11. Meus Parabéns, que Deus possa continuar de abençoando... Também sou adventista.

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  12. Amigo bom dia,

    Eu estou no mesmo dilema, tenho o sonho de um corcurso militar mas existe também esse impedimento do sábado. Muito obrigado pelo seu testemunho!! Peço que ore por mim

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  13. Alguém conhece a história de algum PRF adventista?

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  14. Parabéns,que Deus te abençoe sempre.

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