Meu nome e Luís, criado na
Igreja Adventista do Sétimo Dia desde a infância e sempre tive o sonho de ser
policial. Bom leitor desde cedo, estudava a lição da escola sabatina, fazia ano
bíblico e lia os livros do Espírito de Profecia por mim mesmo e me encantava
com o amor de Deus. O problema era quando olhava para a realidade do mundo que
eu vivia. Fui criado em uma das cidades satélites mais perigosa de Brasília,
Ceilândia, e vi muitos dos meus amigos de infância se perderem na criminalidade.
Era comum vê-los escolher por vontade própria seguir o caminho do crime ao
invés de estudos. Nesse contexto, como um filho de Deus acreditava que a melhor
escolha que eu poderia fazer para minha vida seria seguir o caminho do bem
sendo um militar. O problema com o meu sonho era que todos irmãos da igreja me
diziam que para ser militar eu teria que transgredir o sábado e,
consequentemente abandonar a igreja. Me doía muito pensar nisso pois era como
se Deus não estivesse nenhum pouco interessado em me ajudar nesse sonho.
Foi nesse contexto que decidi
seguir minha vocação independente das consequências. Se de fato eu ia acabar
saindo da igreja um dia por causa do meu sonho, então resolvi assumir as
consequências disso. Perto da data do alistamento militar abriu um concurso
para soldado da aeronáutica e a prova seria no sábado. Eu sabia que fazer
aquela prova no dia do Senhor era errado mas fiz a inscrição assim mesmo e
comecei a estudar com afinco pedindo a Deus que mudasse a data para que eu não
viesse a transgredir o sábado. O problema e que Deus não respondeu minha oração
da forma como eu queria e acabei indo fazer a prova no dia de sábado sabendo
estava cometendo um pecado deliberado diante dos mandamentos divinos. O
resultado foi um desastre. Errei todas as questões fáceis e acertei apenas as
difíceis e fui eliminado do concurso.
Tentei seguir outras carreiras,
outros concursos mas fracassava em tudo, não importava o quanto eu me esforçasse.
Foi nesse contexto que me senti totalmente frustrado na vida, totalmente fracassado
aos dezenove anos de idade. Nessa época recebi um convite para participar de um
projeto na igreja para jovens que queriam estudar em nossas universidades
adventistas através da colportagem. Confesso que assisti a palestra sem
empolgação nenhuma e tentei ser o mais indiferente possível as palavras do
pastor, mas no final ouvi uma voz que me disse claramente para seguir aquele
caminho. Levei um susto no banco da igreja e me levantei, aceitei o apelo e
parti para a colportagem. Nesse trabalho maravilhoso aprendi andar com Deus
todos os momentos e entregar cada dia nas mãos Dele. Tive experiências maravilhosas
com Deus e recebi Dele trabalho, estudo e muito discernimento espiritual para
seguir na minha vida profissional. E assim fiz minha graduação Letras no
Universidade Adventista de São Paulo.
Estava formado, de bem com Deus
mas confesso que não estava muito feliz com minha profissão. Gostava muito de
ensinar, mas a juventude parecia não querer aprender e isso foi me desanimando
e então retornei para Brasília. De volta a minha terra natal, voltaram também
os antigos sonhos de vida nunca realizados: queria ser policial. Perguntava
para Deus se era isso que Ele queria de mim e Ele parecia aceitar o meu sonho.
Parti então atrás do meu objetivo de vida só que dessa vez colocava Deus em
primeiro lugar, acontecesse o que acontecesse.
Nesse período abriu o concurso para Policia Militar do Distrito Federal
e decidi mais uma vez dedicar minhas forcas para passar. Vez ou outra vinha em
minha mente a questão do sábado, mas me apegava com Deus e pedia apenas forças
para ser fiel independente das dificuldades que viesse.
A primeira das dificuldades
veio exatamente no dia da prova escrita. Marcada para um sábado a tarde, entrei
com o recurso juntamente com outros adventistas e fizemos a prova após as
dezoito horas até próximo da meia noite. Para honra e glória do nome de Deus
fui aprovado. A segunda dificuldade foi
que o teste físico foi marcado para o sábado quatro horas da tarde e, depois do
recurso, foi adiado para segunda-feira as seis da manha. Estava tudo correndo
bem, Deus estava providenciando tudo. Estava confiante, e vez ou outra surgia
em minha mente a questão do sábado e me perguntava se estaria pronto para ser
fiel em todas as circunstâncias e eu temia. Por isso sempre orava pedindo que
se fosse para eu não ser fiel em todas as provas que ele me tirasse do concurso
por que eu preferia ser fiel a abandoná-lo. Mas na terceira etapa, o exame
psicotécnico, o improvável aconteceu. Reprovei no teste e tive que entrar com
uma liminar para continuar no concurso. Essa liminar me permitiu continuar no certame,
mas me impediu de matricular no curso de formação naquele ano. Deus havia me
conduzido até ali, não tinha como duvidar disso, mas no momento que vacilei nos
meus propósitos de ser fiel algo deu errado.
Aprendi a lição com Deus,
aceitei o resultado e parti para outros concursos crendo que Deus sabia de
todas as coisas. Na época fui aprovado para o cargo de escrivão de policia
civil de Minas Gerais e no de Técnico Bancário Novo na Caixa Econômica Federal
em Brasília. Optei por ficar em Brasília e seguir a carreira de bancário. Não
era bem o meu sonho, mas talvez Deus estivesse tentando me ensinar algo novo e
eu aceitava a Sua vontade. Depois de um ano no banco, em razão da liminar que
eu tinha entrado na justiça, outra vez fui convocado para o curso de formação
da Policia Militar. Embora estivesse com um futuro garantido no banco, minha
vocação mais uma vez estava me chamando. Orei muito e Deus para ser fiel, e
pedi contas no banco para assumir na policia.
Já no primeiro dia do curso a
minha preocupação era exatamente o que eu faria quando chegasse a sexta-feira
pois o treinamento começava as seis da manhã e terminava próximo das nove da
noite, ou seja, bem depois do por do sol. Para piorar, teriam aulas todos os
dias da semana, incluindo sábado e domingo e não era admitido faltas que não fossem
justificadas. Sendo assim, minha primeira atitude foi procurar os comandantes
da sala e esclarecer sobre minha fé. Um deles era mais maleável e me pediu para
fazer um documento destinado ao comandante da escola com a minha solicitação.
Fiz exatamente como disse e já no dia seguinte providenciei toda a
documentação. O problema foi que chegou a sexta-feira e não obtive nenhuma
resposta. Próximo a hora do por do sol eu estava em forma no pátio da escola
juntamente com um grupo de mil alunos sem poder dizer uma palavra nem me mover
sem autorização. Minha aflição naquele momento era intensa pois era acostumado
a passar o por do sol de sexta-feira fazendo o culto com a família em casa e
naquele momento não tinha outra opção a não ser permanecer estático enquanto
ouvia as instruções. Discretamente acenei ao comandante da sala e consegui
explicar a minha situação o qual levou minha solicitação ao capitão imediato
que me autorizou sair de forma para conversar pessoalmente com o comandante da
escola. Depois de explicar minha posição, o comandante me falou que não havia
possibilidade alguma de me dar tratamento diferenciado dos demais me liberando
antes do por do sol, mas me autorizou a ficar em sala de aula até a liberação
dos demais. Naquela noite tive a oportunidade de refletir sozinho na sala de
aula sobre as consequências da minha escolha. Decidi então que faltaria o
sábado e na segunda-feira pediria baixa e retornaria ao emprego anterior na
Caixa. Faltei o sábado e compareci no domingo apenas com o objetivo de informar
que na segunda pediria baixa do curso.
Na semana seguinte já tinha
entrado em contato com meu ex-emprego e explicado o que eu estava passando na
policia e me deram um prazo naquela para retornar ao banco até a quarta-feira e
por essa razão eu precisava pedir baixa da polícia já na segunda-feira. Assim
ao comparecer a escola de formação fui direto resolver meu problema na
secretaria do curso. Lá chegando expliquei o motivo da minha desistência, mas
alguns policiais achavam que antes de eu sair deveria refletir melhor pois
situações como essas poderiam ser ajustadas ao longo da carreira. Diante o
incentivo de pessoas que eu nem conhecia, decidi tentar mais uma vez algum tipo
de liberação para poder prosseguir no curso pois essa era tão sonhada carreira
que eu desejava. Retornei a sala de aula surpreendendo os colegas que a essa
altura já havia sido avisados da minha desistência por causa do sábado. Procurei
mais uma vez meus comandantes imediatos da turma e descobri que agora
permanecera apenas um e era exatamente o que não aceitava minhas justificativas.
Para ele eu estava apenas procurando desculpas para não participar de todas as
atividades como os outros alunos. Por isso, alem de não dar atenção a minhas
solicitações ainda procurou dificultar o máximo as coisas. Foi por essa razão
que na sexta seguinte, enquanto estava na aula de educação física, próximo a
hora do por do sol, me retirei sem autorização ao vestiário para ir embora da
escola sem autorização, o que me renderia uma cadeia. Após sair do vestiário
fui até a portão onde um sargento da guarda me solicitou a autorização escrita
para ser liberado antes dos demais e eu disse que não tinha. Ele então levou um
susto e disse que eu era louco de tentar ir embora sem um documento formal
assinado pelo comando pois se eu tivesse saído até ele seria punido pelo meu
ato. Expliquei a minha situação e então tive dele mesmo uma liberação para sair
naquele dia antes do horário do por do sol. Tudo que me disse foi que eu
tentasse resolver essa situação o quanto antes para que ninguém fosse
prejudicado. Naquela sexta-feira quando cheguei em casa recebi uma ligação do
comandante da turma me chamando atenção pelo que eu tinha feito e me informando
sobre uma determinação para estar La no sábado pela manha sem falta. Fiquei
muito preocupado, mas decidi que no sábado iria a igreja adorar o Criador e que
só pisaria na escola no dia seguinte ao repouso.
No domingo já compareci a
escola com todos os pertences acreditando que ficaria preso por ter desobedecido
a uma determinação, mas isso não aconteceu. De qualquer forma essa terceira
semana foi bem difícil pois a essa altura, muita gente já sabia da minha
situação e eu tinha que estar constantemente explicando a minha posição com
relação ao sábado e assim testemunhar para muitos. Procurei o comandante da
turma para saber sobre a minha punição ele se recusava falar comigo e se
limitou a dizer que minha punição não seria apenas na escola mas direto na
minha carreira respondendo um inquérito militar que entraria em minha ficha
profissional e mancharia minha carreira para sempre. Dessa forma continuei
sendo liberado das atividades do curso na sexta ao por do sol para ficar em
sala de aula estudando a Bíblia enquanto os demais ficavam no pátio. Ainda faltei
quase todos os sábados do curso por conta própria para não transgredir o
mandamento divino. Compareci apenas um sábado para uma doação de sangue
espontânea pois sempre que argumentava sobre a minha posição eu dizia que era
licito fazer o bem nesse dia.
Durante o curso Deus me honrou
de muitas formas. Lembro uma vez que foram marcadas provas para uma sexta-feira
a noite e de antemão fui atrás de uma liberação para fazer na semana seguinte.
Enquanto toda escola estava pronta na sala para fazer as provas, eu fiquei
preso na capela da escola sozinho esperando para ser liberado com todos ao termino.
Enquanto esperava notei uma demora, e em seguida todos começaram a ir embora
sem me dizer nada. Foi então que sai e perguntei o que havia acontecido e que
disseram que deu problema na impressão das provas e que todos fariam só na
semana seguinte. Assim pude fazer a prova com todos os alunos sem ter minha
nota prejudicada.
Cinco meses se passaram nessa
aflição e eu aguardava qual seria minha punição ao final do curso pelo meu ato
e por minhas faltas aos sábados. Ao fim do curso fui chamado a sala de um dos
capitães para apresentar a minha razão de defesa. Expliquei que era Adventista
do Sétimo Dia e por isso havia agido daquela forma. Para minha surpresa ele já
conhecia os adventistas simpatizava com a nossa fé e por isso me explicou que,
como tinha que me dar uma punição, daria apenas uma repreensão verbal pois essa
era uma das mais leves. Sai da sala dele muito feliz e agradecido a Deus por
tudo que Ele havia feito por mim naquele curso e me conduzido para testemunhar
sobre o santo sábado. Foi assim que no em setembro de 2014 pude me formar no Curso
de Formação de Praças no Estádio Nacional de Brasília em uma turma de mil
policiais para honra e gloria do nome de Deus. Após a formatura fui deslocado a
um batalhão onde consegui uma autorização do sub-comandante da unidade para não
ser escalado das 18 horas de sexta às 18 horas de sábado em razão da minha fé.
Constantemente são feitas adaptações na minha escala para que eu não trabalhe
aos sábados.
Louvo a Deus por tudo que tem
feito em minha vida. Hoje vejo que Ele tem colocado sonhos em meu coração para
que onde eu for testemunhe do Seu amor por mim. Tudo que Ele me pede e que eu
seja fiel ate a morte. Embora trabalhe hoje na profissão que sempre sonhei,
posso dizer que o dia que Ele achar que é hora de sair peço a Ele que me de
forças para fazer o que deseja, pois os sonhos de Deus são sempre melhores que
os meus. Quando escolhemos ser fiel a Deus em todas as circunstâncias, Ele
providencia meios para nos libertar na hora da prova. Amigo, escolha ser fiel a
toda prova, sem abrir exceções, e Deus também te honrará.
Sd. Luís Guedes Jr.
Sd. Luís Guedes Jr.
“A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens
que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja
consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens
que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White. Educação, pág. 57
Lindo testemunho. A fé é uma obra divina. Seguir o caminho do Senhor nem sempre é saudável. Há pedras no caminho que servem para nos distanciar do criador. Jesus está sempre perto nos protegendo. Ele te abençoou pela sua fé, perseverança e obediência. Parabéns.
ResponderExcluirAgradeco a Deus por nos alcancar, pois mesmo que merecer Ele trava as nossas lutas por nos. Louvado seja!
ExcluirIsso aí meu brother. Parabéns pelo testemunho. Sejamos sempre fiéis ao nosso Deus que Ele sempre estenderá suas mãos para nos guiar. Abraços
ResponderExcluirEssa batalha nao e nossa e de Deus, nossa luta e para confiar Nele.
ExcluirParabéns meu camarada pois princípios não se negocia...
ResponderExcluirAmem chefe Karl Max,somos intrumentos.
ExcluirAmém por seu testemunho que Deus te abençõe imensamente
ResponderExcluirParabéns pelo testemunho! Devemos permanecer na fé e tendo certeza de que Deus é fiel e justo sempre. Espero que os jovens leiam esse testemunho e tomem como exemplo. Deus te abençoe.
ResponderExcluirAmem,Deus abencoe sua familia.
ExcluirDeus é bom todo tempo!
ResponderExcluirTodo tempo Deus é bom!
Amem!
Excluirtbm sou adventista Luis e tbm tenho esse sonho perdi ja dois concursos pela razão do sábado e me identifiquei muito que t bm tenho esse msm sonho que teve e conseguiu parabéns...
ResponderExcluirDeixe Deus te guiar, Ele sabe o momento certo...esteja sempre pronto para ser fiel até o fim. O céu é nosso alvo. Deus abençoe.
ExcluirMaravilhoso testemunho de fé , esperança . Uma verdadeira lição de lealdade ao nosso Deus!
ResponderExcluirParabéns !!
Deus seja louvado!!
ExcluirWau gostei muito dessa história que o Senhor te ajude sempre
ResponderExcluirAmém! Que Deus tenha sempre o mérito das nossas vitórias. Deus abençoe irmão.
ExcluirGrande testemunho meu irmão! Tenho sonho de ser Policial Federal, mas vi que o curso na ANP vai até as 12 horas do sábado. Tô estudando e orando a Deus para que possa dá tudo certo.
ResponderExcluirJose, somos dois. Se for da vontade de Deus, estaremos juntos a testemunhar da nossa fé na próxima turma da PF.
ExcluirMeus Parabéns, que Deus possa continuar de abençoando... Também sou adventista.
ResponderExcluirAmigo bom dia,
ResponderExcluirEu estou no mesmo dilema, tenho o sonho de um corcurso militar mas existe também esse impedimento do sábado. Muito obrigado pelo seu testemunho!! Peço que ore por mim
Alguém conhece a história de algum PRF adventista?
ResponderExcluirParabéns,que Deus te abençoe sempre.
ResponderExcluirGostei muito
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